A Microsoft, sob a liderança do CEO Phil Spencer, está empenhada em lançar uma loja de jogos móveis que rivalize com as gigantes do setor, Apple e Google. Essa iniciativa faz parte de uma estratégia crucial para a empresa, que busca expandir sua presença nos mercados de jogos, especialmente no cenário mobile.
Em uma entrevista ao Bloomberg durante a convenção de quadrinhos e entretenimento CCXP em São Paulo, Phil Spencer destacou a importância estratégica da incursão da Microsoft no universo dos jogos móveis. A empresa não está apenas trabalhando internamente, mas também se associando a parceiros para criar uma alternativa robusta que ofereça mais opções de monetização para desenvolvedores. Ainda que Spencer não tenha fornecido uma data exata para o lançamento da loja, suas declarações sugerem que a Microsoft está empenhada em tornar isso uma realidade em um futuro próximo.
Expansão bem-sucedida no mercado latino-americano
No início deste ano, a Microsoft ampliou seu serviço de assinatura Game Pass para jogadores de computadores pessoais em 11 novos países da América Latina. Esse movimento resultou em um aumento significativo de 7% no número de clientes, com Peru e Costa Rica liderando as novas inscrições. Spencer enfatizou que o Brasil, o segundo maior mercado global para o PC Game Pass, desempenha um papel crucial nas tendências que moldam o cenário dos jogos.
Contudo, mesmo com o sucesso em outras plataformas, a Microsoft reconhece que está significativamente atrasada no mercado de jogos móveis no Brasil.
Aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft
A aquisição bilionária da Activision Blizzard pela Microsoft, no valor de US$ 69 bilhões, desempenha um papel fundamental na estratégia de entrada da empresa nos jogos móveis. Phil Spencer justifica essa decisão pela forte presença da Activision nesse segmento, com títulos de sucesso como Candy Crush e Call of Duty Mobile. A aquisição visa impulsionar a presença da Microsoft em um mercado de jogos móveis avaliado em impressionantes US$ 90 bilhões.
Entretanto, o fechamento do acordo, ocorrido em outubro, quase dois anos após seu anúncio, atrasou os planos da Microsoft para avançar agressivamente com sua loja de aplicativos.
Desafios regulatórios e a sombra da Epic Games
A incursão da Microsoft no mercado de jogos móveis não ocorre em um vácuo. A Epic Games, fabricante do Fortnite, travou batalhas legais com a Apple e o Google por práticas restritivas em suas lojas iOS e Android. Enquanto a Epic perdeu contra a Apple, o processo está sendo analisado pela Suprema Corte dos EUA.
As ações legais levantam questões sobre as práticas de loja dessas empresas, especialmente as taxas impostas pela Apple. O cenário regulatório nos mercados digitais baseados em smartphones está em transformação, com a União Europeia implementando sua Lei de Mercados Digitais, que pode influenciar a abertura dos ecossistemas de lojas de aplicativos.
A Microsoft, ao entrar nesse cenário, pode capitalizar o ressentimento existente contra os líderes de mercado, oferecendo uma alternativa que prioriza a escolha do usuário.
Jogos em nuvem e o feedback dos jogadores brasileiros
A tecnologia de jogos em nuvem do Xbox já permite aos usuários transmitirem jogos para telefones celulares. Phil Spencer destaca a importância de estar presente em diversas telas para garantir a relevância contínua do Xbox nos próximos anos. Ele argumenta que os consumidores de smartphones não têm escolha atualmente, uma narrativa que a Microsoft espera mudar com sua loja de jogos móveis.
Durante um evento de fãs da Microsoft no Brasil, Phil Spencer recebeu feedback dos jogadores, incluindo pedidos para uma maior integração com o jogo World of Warcraft da Blizzard. Ele expressou a intenção de levar essas sugestões de volta à equipe, mostrando o compromisso da Microsoft em ouvir sua base de fãs e adaptar-se às demandas locais.