Em um grande avanço na medicina, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins desenvolveram um cirurgião-robô capaz de remover tumores cancerígenos com uma precisão surpreendente, superando os desafios enfrentados até mesmo pelos cirurgiões humanos mais experientes. Esse novo sistema cirúrgico, conhecido como ASTR (Sistema Autônomo de Ressecção de Tumores), pode marcar o início de uma nova era em cirurgias de precisão para o tratamento do câncer, particularmente em áreas extremamente delicadas como a cabeça e o pescoço.
A ressecção de tumores, processo pelo qual o tecido canceroso é removido, é uma operação complexa que visa preservar o máximo de tecido saudável possível, enquanto elimina as células cancerígenas para prevenir a recorrência ou a disseminação da doença. Esta tarefa se torna ainda mais desafiadora em regiões delicadas do corpo, onde a precisão é fundamental para o sucesso do procedimento.
Os cirurgiões humanos, apesar de sua habilidade e experiência, enfrentam limitações significativas, como fadiga, esgotamento e obstruções visuais, que podem afetar a precisão das ressecções. No entanto, o ASTR surge como uma solução potencial para esses problemas, prometendo realizar ressecções com uma precisão que rivaliza ou até mesmo supera a humana.
Tecnologia e precisão no combate ao câncer
O ASTR é uma inovação baseada na tecnologia desenvolvida para o Smart Tissue Autonomous Robot (STAR), que realizou a primeira cirurgia laparoscópica totalmente autônoma em 2022. Esse novo sistema robótico é equipado com braços duplos e guiado por visão, permitindo ressecções precisas em locais delicados, como a língua.
Axel Krieger, professor assistente de engenharia mecânica na Whiting School of Engineering e líder da equipe de pesquisa, afirma que realizar uma ressecção com margens precisas é extremamente difícil. “Nosso objetivo era tornar esses procedimentos mais precisos“.
A precisão do ASTR é tal que visa remover uma quantidade padrão de 5 milímetros de tecido saudável ao redor do tumor, o que é crucial para garantir a remoção completa das células cancerígenas enquanto minimiza os danos aos tecidos circundantes. Essa precisão é especialmente importante, considerando que as bordas dos tumores podem ser visivelmente claras horizontalmente, mas menos óbvias verticalmente.
Superando desafios com inovação
Um dos maiores desafios na ressecção de tumores é a dificuldade de acessar e visualizar claramente o tumor, devido ao tecido circundante. “Os cirurgiões têm uma ideia mental do tumor, mas visualizar e acessar precisamente é um desafio“, explica Jiawei Ge, estudante de doutorado e membro da equipe de pesquisa. O ASTR, com sua capacidade de traduzir a orientação humana em precisão robótica, supera esse obstáculo, permitindo ressecções bem-sucedidas sem interrupção.
Para validar sua eficácia, o ASTR foi testado em tecido de língua suína, simulando a remoção de tumores e alcançando resultados impressionantes. “O médico supervisiona e fornece informações pré-operatórias, e o robô executa a operação passo a passo“, diz Krieger. “Isso não apenas demonstra a precisão do robô nas margens horizontais, mas também mostra melhorias significativas nas margens de profundidade.”
O sucesso do ASTR abre caminho para sua aplicação em órgãos internos, como o rim, representando um passo significativo para a cirurgia robótica. A combinação da precisão do ASTR com tecnologias de imagem avançadas promete revolucionar o tratamento de ressecção de tumores, oferecendo novas esperanças para pacientes em todo o mundo.