Em uma era cada vez mais digitalizada, a fabricação de semicondutores são essenciais para tudo. Desde smartphones até sistemas de orientação para mísseis hipersônicos, transformou-se numa nova corrida armamentista, envolvendo não apenas gigantes corporativos, mas também superpotências globais. Estes componentes pequeninos, porém extremamente precisos, conhecidos como circuitos integrados ou simplesmente chips, são agora o epicentro de uma disputa geopolítica intensa, principalmente entre os Estados Unidos e a China, mas com implicações e participações globais que incluem a Europa, Taiwan, Japão e outros.
O cerne da disputa
O silício, elemento central na fabricação dos chips, é fundamental para avanços em inteligência artificial, veículos elétricos e armamentos sofisticados. A maior parte da tecnologia líder mundial em chips origina-se nos EUA, mas é a China, o maior mercado de componentes eletrônicos, que busca intensamente aumentar sua capacidade de produção doméstica. Esse impulso levou Washington a implementar estratégias para conter a ascensão do gigante asiático, incluindo restrições à exportação de tecnologia sensível, sob o pretexto de segurança nacional. Paralelamente, a Europa e os próprios EUA estão injetando bilhões em recursos para revitalizar suas indústrias de semicondutores, numa tentativa de diminuir a dependência das instalações de produção no Leste Asiático.
A importância estratégica dos chips
Os chips são fundamentais para a moderna economia digital, atuando no processamento e na interpretação de enormes volumes de dados. Existem diferentes tipos de chips, desde os relativamente simples, dedicados ao armazenamento de dados, até os complexos chips lógicos, que funcionam como cérebros dos dispositivos. A competição global por acesso a componentes avançados, como os aceleradores IA da Nvidia, reflete a importância destes não só para a segurança nacional, mas também para a vanguarda da inovação tecnológica.
Domínio do abastecimento
A fabricação de chips é um negócio altamente especializado e caro, dominado por poucas empresas: TSMC (Taiwan), Samsung (Coreia do Sul) e Intel (EUA). Estas empresas lideram a produção de chips de ponta, enquanto uma vasta cadeia de fornecedores, incluindo empresas como Texas Instruments e STMicroelectronics, concentra-se em componentes analógicos mais simples. A China, confrontada com restrições internacionais, tem investido maciçamente para desenvolver sua capacidade produtiva, especialmente em chips analógicos.
Competição geopolítica
A geopolítica dos semicondutores está cada vez mais tensa, relata a Bloomberg. Os EUA têm apertado o cerco à China com controles de exportação mais rigorosos, buscando limitar o desenvolvimento tecnológico chinês em áreas consideradas sensíveis, como supercomputadores e IA. A resposta da China, através do desenvolvimento de chips avançados como o Kirin 9000s, mostra a determinação do país em superar essas barreiras. Paralelamente, os EUA, a Europa e o Japão estão investindo bilhões para fortalecer suas próprias indústrias de semicondutores, numa clara demonstração da importância estratégica desses componentes.
O papel crucial de Taiwan
Taiwan ocupa uma posição única nesta disputa global, sendo o lar da TSMC, líder mundial na fabricação terceirizada de chips. A ilha tornou-se um pilar essencial na cadeia de abastecimento global de semicondutores, uma posição reforçada por décadas de investimento e inovação. No entanto, a proximidade política e geográfica da China coloca Taiwan num ponto de fricção constante, com implicações que vão além do econômico, entrando no âmbito da segurança regional e global.