Cientistas desenvolveram um sistema movido a energia solar capaz de transformar água salgada em potável. Essa inovação não apenas promete fornecer água limpa a centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo, mas também faz isso de uma maneira extremamente custo-efetiva e ambientalmente sustentável.
A tecnologia, que foi desenvolvida por uma equipe de pesquisa internacional liderada por cientistas do King’s College London, em colaboração com o MIT e o Instituto Helmholtz de Sistemas de Energia Renovável, utiliza a energia solar para dessalinizar água subterrânea, transformando-a de intragável para potável. Este avanço é particularmente relevante para países em desenvolvimento, onde o acesso a água potável limpa e segura não é uma garantia.
Atualmente, cerca de 40% da população mundial enfrenta escassez de água potável, com a UN-Water (Água das Nações Unidas) estimando que cerca de 4 bilhões de pessoas sofrem de grave escassez de água durante pelo menos um mês ao ano. Com a crescente crise climática exacerbando este problema, a necessidade de soluções inovadoras e sustentáveis nunca foi tão urgente.
O Dr. Wei He, professor sênior de engenharia no King’s College London, destaca a importância desta nova tecnologia, afirmando que ela pode “expandir as fontes de água disponíveis para as comunidades além das tradicionais.” Além disso, ele observa que, ao fornecer água de fontes salinas não contaminadas, o sistema pode ajudar a combater tanto a escassez de água quanto emergências inesperadas, como surtos de doenças transmitidas pela água.
O sistema funciona através do uso de membranas especializadas que filtram os íons de sal, deixando para trás água doce e potável. A equipe de pesquisa conseguiu, inclusive, ajustar a voltagem e a taxa de fluxo da água salgada para se adaptar a variáveis condições de luz solar, garantindo assim a produção constante de água potável, independentemente das condições climáticas. Durante os testes, foi possível converter até 10 metros cúbicos de água doce por dia, suficiente para abastecer cerca de 3.000 pessoas.
Este novo método apresenta-se como uma alternativa mais barata e sustentável em comparação com as técnicas de dessalinização tradicionais, que são frequentemente caras e consomem muita energia. Além disso, por não depender de sistemas de rede elétrica ou de baterias dispendiosas para armazenar energia solar, a tecnologia é ideal para uso em áreas rurais de países em desenvolvimento, onde a infraestrutura elétrica pode ser limitada ou inexistente.
Para além do impacto imediato na disponibilidade de água potável, a tecnologia tem o potencial de beneficiar a agricultura, especialmente em regiões afetadas pela escassez de água devido às mudanças climáticas. O Dr. He salienta a importância de fornecer aos agricultores uma forma sustentável de produzir água doce para irrigação a um custo reduzido, ajudando assim a reduzir os custos, mitigar as emissões de carbono e garantir a produção agrícola.
Os planos futuros para esta tecnologia incluem expandir sua disponibilidade em toda a Índia através de colaborações com parceiros locais e a criação de uma startup pelo MIT para comercializar e financiar a tecnologia. Essa abordagem inovadora não só tem o potencial de revolucionar a maneira como o mundo aborda a questão da água potável, mas também oferece um caminho promissor para combater as emissões de carbono e avançar em direção a objetivos de sustentabilidade globais.
Esta nova tecnologia solar representa uma luz de esperança no horizonte para milhões de pessoas em todo o mundo, oferecendo uma solução sustentável e de baixo custo para um dos desafios mais importantes da humanidade: garantir acesso universal a água potável segura e limpa.