A Microsoft está prestes a fazer uma das suas apostas mais ousadas no setor de jogos desde a aquisição da Activision Blizzard por 75 bilhões de dólares. A gigante do software planeja lançar a próxima edição da popular série “Call of Duty” diretamente em seu serviço de assinatura Game Pass.
A nova abordagem será anunciada no showcase anual do Xbox no próximo mês, conforme fontes familiarizadas com o assunto. Tradicionalmente, os jogos da série “Call of Duty” eram vendidos separadamente, gerando receitas substanciais. Cada edição lançada nos últimos anos vendeu cerca de 25 milhões de cópias, ao preço médio de 70 dólares cada. Com a mudança, os consumidores ainda terão a opção de comprar o jogo diretamente para consoles ou computadores, mas o lançamento no Game Pass representa uma grande mudança de paradigma.
A Activision, agora uma subsidiária da Microsoft, sempre foi relutante em adotar modelos de assinatura para “Call of Duty”, uma franquia que gerou mais de 30 bilhões de dólares em receitas ao longo de sua existência. O serviço Game Pass, com mensalidades que variam entre 9,99 e 16,99 dólares, oferece acesso a uma vasta biblioteca de jogos, incluindo títulos de terceiros.
Essa mudança significa que os jogadores podem pagar menos pelo novo “Call of Duty” via Game Pass do que pagariam pela compra tradicional. A Microsoft aposta que isso atrairá novos assinantes para o Game Pass, aumentando a receita a longo prazo.
A Microsoft já experimentou sucesso com esse modelo. Em setembro passado, “Starfield”, um jogo de ficção científica, foi lançado no Game Pass e resultou no maior número de novas assinaturas em um único dia. A empresa espera replicar esse sucesso com “Call of Duty”.
A aquisição da Activision Blizzard foi meticulosamente analisada por reguladores, especialmente devido às preocupações de que a franquia “Call of Duty” pudesse conferir à Microsoft uma vantagem desleal no mercado de jogos em nuvem. A Microsoft assegurou que não excluiria rivais da série.
Reações do mercado
Desde sua estreia em 2003, “Call of Duty” tem sido um sucesso avassalador, liderando as vendas de franquias anualmente de 2009 a 2023, segundo a empresa de pesquisa Circana. No entanto, a abordagem de assinatura para jogos não é unanimemente aceita na indústria. Bobby Kotick, ex-CEO da Activision, expressou ceticismo em relação a serviços de assinatura, citando exemplos de grandes empresas de mídia cujos resultados foram prejudicados por essa estratégia, mostra o WSJ.
Outros executivos da indústria compartilham essa opinião, incluindo Strauss Zelnick, CEO da Take-Two Interactive Software, que acredita que assinaturas são adequadas para jogos de catálogo, mas não para novos lançamentos premium.
A decisão da Microsoft gerou especulações e debates online. Em outubro passado, a Activision mencionou nas redes sociais que os atrasos na fusão impediram o lançamento de “Call of Duty: Modern Warfare III” no Game Pass. A expectativa é que o lançamento da nova edição da série no Game Pass seja um momento importante para o serviço de assinatura, mostrando o compromisso da Microsoft com essa estratégia.
Atualmente, o Game Pass possui 34 milhões de assinantes, um aumento em relação aos 25 milhões de 2022. Embora alguns analistas temam que a mudança para um modelo de assinatura possa canibalizar as vendas à la carte, a Microsoft acredita que essa estratégia é essencial para atrair os melhores títulos de outras empresas para o Game Pass.
Michael Pachter, analista da Wedbush Securities, argumenta que adicionar “Call of Duty” ao Game Pass no lançamento demonstra o comprometimento da Microsoft com sua estratégia de assinatura. A empresa de software precisa equilibrar a atração de novos usuários para o Game Pass enquanto mantém a viabilidade financeira dos lançamentos tradicionais.