A Junta de Classificação de Software de Entretenimento dos Estados Unidos (ESRB) apresentou recentemente uma proposta à Comissão Federal de Comércio (FTC) que poderá mudar a forma como os jogadores de videogames verificam sua idade. De acordo com a proposta, a ESRB pretende implementar o reconhecimento facial como um método adicional para verificar a idade dos jogadores antes de conceder acesso a jogos destinados ao público adulto.
A parceria entre a ESRB e as empresas Yoti e SuperAwesome resultou no desenvolvimento de um sistema chamado “Estimativa facial de idade com foco na privacidade”. Esse software utiliza a tecnologia de reconhecimento facial para analisar os padrões faciais dos jogadores e determinar sua idade aproximada.
Privacidade é a palavra-chave nessa proposta. A ESRB assegura que o sistema não armazenará nenhum rosto de usuário e não será capaz de identificar a pessoa escaneada. A única finalidade do sistema é estimar a idade do jogador e, assim, garantir que conteúdos inadequados sejam acessados apenas por maiores de idade.
O Gizmodo mostra que o sistema de verificação facial funcionará em conjunto com os métodos existentes e não será de uso obrigatório. Os pais terão a opção de voluntariamente cadastrarem suas fotos faciais no sistema como uma medida adicional de segurança para evitar que os menores tentem burlar a verificação.
Julie Dawson, chefe de segurança da Yoti, destaca a eficácia e a privacidade do sistema. Segundo ela, a tecnologia de estimativa de idade facial é amplamente utilizada em países onde já foi implementada, com uma taxa de precisão de 99,97% na diferenciação entre adultos e menores, independente do gênero ou cor de pele.
Reconhecimento Facial, segurança e privacidade
Apesar das garantias de segurança e privacidade, a proposta da ESRB enfrenta resistência de algumas vozes críticas. Albert Fox Cahn, diretor do Projeto de Supervisão de Tecnologia de Vigilância, aponta que o sistema pode trazer problemas de privacidade em outros contextos além dos videogames. Ele levanta a preocupação de que essa tecnologia de reconhecimento facial possa ser utilizada de forma inadequada em outras áreas da sociedade.
No entanto, a ESRB ressalta que seu sistema é distinto de outras tecnologias de vigilância por reconhecimento facial que já mostraram falhas e levaram a erros de identificação. A proposta da ESRB não tem o intuito de identificar indivíduos, mas sim de verificar se são maiores de idade de forma precisa e segura.
A verificação facial de idade não é uma novidade no mundo. Em 2021, a China implementou esse sistema, exigindo o escaneamento facial dos jogadores para cumprir uma lei que restringe o acesso a videogames durante determinados horários. Além disso, vários estados dos Estados Unidos já estão considerando o uso do reconhecimento facial para determinar a idade dos menores ao acessar serviços para adultos, como jogos e sites pornográficos.