A mais recente versão do modelo de linguagem da OpenAI, o GPT-4, demonstrou um desempenho comparável ao de oftalmologistas especialistas em uma série de avaliações oftalmológicas, segundo um estudo da Escola de Medicina Clínica da Universidade de Cambridge, publicado na revista PLOS Digital Health. Este estudo inovador revela não apenas avanços significativos na capacidade de inteligência artificial (IA) de processar e analisar dados médicos complexos, mas também apresenta um grande potencial para futuras aplicações clínicas.
No estudo detalhado, o GPT-4 foi colocado à prova juntamente com outros modelos de linguagem, como o GPT-3.5, o PaLM 2 do Google e o LLaMA da Meta, em um exame simulado que incluía 87 questões de múltipla escolha sobre variados tópicos oftalmológicos. Os resultados foram impressionantes: o GPT-4 superou os médicos juniores não especializados e oftalmologistas estagiários, acertando 60 das 87 questões. Apesar de não superar o desempenho dos especialistas, que acertaram em média 66,4 das perguntas, o modelo mostrou uma capacidade notável de competir a um nível próximo ao de profissionais altamente treinados.
O desempenho de outros modelos de IA testados no estudo revela uma variabilidade significativa. Enquanto o GPT-3.5 e o PaLM 2 também demonstraram capacidades consideráveis, com pontuações de 42 e 49, respectivamente, o modelo LLaMA obteve resultados significativamente inferiores, com apenas 28 respostas corretas. Este desempenho sublinha o progresso contínuo e a evolução na eficiência dos modelos de linguagem mais recentes em comparação com as versões anteriores e outros competidores.
Implicações para a prática médica
A aplicação de modelos de IA como o GPT-4 em contextos clínicos oferece várias promessas, particularmente na melhoria do acesso a diagnósticos especializados em áreas onde médicos e recursos são limitados. No entanto, como aponta o estudo, esses modelos também apresentam desafios, especialmente em relação à precisão das informações e ao risco de “alucinações” de dados, onde a máquina pode gerar informações não verificadas ou incorretas.
O uso de IA na medicina traz consigo considerações éticas significativas. A capacidade dos modelos de linguagem de gerar respostas que podem influenciar decisões clínicas exige uma vigilância rigorosa para evitar erros diagnósticos que podem ter consequências graves para os pacientes. Além disso, a dependência excessiva em tecnologia automática pode desviar a atenção da necessidade de formação e experiência humana indispensáveis na medicina.
Olhando para o futuro, o estudo sugere que aprimoramentos adicionais em modelos como o GPT-4 poderiam potencialmente transformar a prática médica, oferecendo ferramentas de diagnóstico e consulta que complementam as habilidades dos médicos. Com treinamento adicional e expansão dos conjuntos de dados para incluir uma gama mais ampla de condições médicas e cenários, os modelos de IA podem tornar-se assistentes virtuais indispensáveis em várias especialidades médicas.
Este estudo é um passo importante no desenvolvimento de aplicações práticas de IA para a medicina, sinalizando uma era onde a tecnologia e a expertise humana convergem para melhorar a qualidade e a acessibilidade dos cuidados de saúde.
