A possibilidade de a humanidade desenvolver uma Inteligência Artificial Geral (AGI), que possua habilidades cognitivas comparáveis às dos seres humanos, pode tornar-se realidade dentro de três a oito anos, de acordo com Ben Goertzel, um renomado cientista da computação e CEO da SingularityNET. Durante o Beneficial AGI Summit 2024, realizado em 1º de março na Cidade do Panamá, Panamá, Goertzel, frequentemente referido como o “pai da AGI” por seu papel na popularização do termo, compartilhou insights sobre o avanço acelerado da inteligência artificial e a iminência da singularidade.
Atualmente, a IA que utilizamos é classificada como “IA restrita“, capaz de superar os humanos em tarefas específicas, porém, incapaz de realizar uma gama ampla de atividades cognitivas sem suporte ou dados de treinamento específicos. Esses sistemas, que incluem desde algoritmos de aprendizado de máquina até grandes modelos de linguagem (LLMs) como o ChatGPT, apresentam limitações significativas em relação ao raciocínio e compreensão de contextos complexos.
Contudo, Goertzel aponta que estamos entrando em uma era de crescimento exponencial na pesquisa de IA, onde a criação de uma AGI verdadeiramente generalizada, capaz de aprender e operar independentemente dos dados de treinamento originais, está ao nosso alcance. A singularidade, um ponto de inflexão hipotético no qual a inteligência artificial superaria a inteligência humana em todas as áreas, poderia ser alcançada tão cedo quanto 2027, com 2029 ou 2030 sendo os anos mais prováveis para a materialização do primeiro agente AGI.
A transição de uma AGI para uma “superinteligência artificial” (ASI), um estado no qual a IA possuiria o poder cognitivo e computacional de toda a civilização humana combinada, poderia ocorrer rapidamente após a criação de uma AGI capaz de reescrever seu próprio código. Goertzel destaca a importância de se considerar tanto as “incógnitas conhecidas” quanto as “incógnitas desconhecidas” no caminho para a singularidade, enfatizando a complexidade e a incerteza envolvidas nesse avanço.
O cientista baseia suas previsões em três linhas de evidências convergentes: as modelagens preditivas de Ray Kurzweil, que sugerem a possibilidade de alcançar a AGI em 2029; os avanços significativos em LLMs, que têm demonstrado o potencial latente da IA; e seu próprio trabalho no desenvolvimento do OpenCog Hyperon e de sistemas de software associados, que buscam integrar diversos paradigmas de IA para simular a cognição humana de maneira mais holística.
Apesar do otimismo, Goertzel reconhece a possibilidade de estar equivocado, mencionando que avanços em computação quântica poderiam ser necessários para alcançar esse marco. Ainda assim, ele permanece confiante na capacidade de uma AGI, uma vez desenvolvida, de potencializar uma expansão exponencial da inteligência artificial, levando a descobertas e avanços tecnológicos inimagináveis atualmente.