A esquizofrenia é uma doença mental que afeta aproximadamente 24 milhões de pessoas em todo o mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Os pacientes que enfrentam esse transtorno vivenciam consideráveis dificuldades em sua vida pessoal, social e profissional. Contudo, uma nova esperança surge no horizonte com o desenvolvimento de uma terapia revolucionária baseada em Realidade Virtual pela equipe de pesquisadores da prestigiada Universidade Semmelweis, em Budapeste.
A dimensão da esquizofrenia no mundo e suas consequências
A esquizofrenia é uma doença mental complexa e debilitante que afeta a percepção da realidade do indivíduo. Os sintomas podem incluir delírios, alucinações, pensamentos desorganizados, fala confusa, falta de motivação e isolamento social. Esses sintomas variam em intensidade e frequência entre os pacientes, tornando o tratamento um desafio para a comunidade médica.
De acordo com estatísticas da OMS, a esquizofrenia impacta significativamente a qualidade de vida dos afetados, tornando-se uma das principais causas de incapacidade e deficiência global. Os pacientes muitas vezes enfrentam dificuldades em suas relações interpessoais, no ambiente de trabalho e no cuidado consigo mesmos. Além disso, o estigma social associado à doença pode levar ao isolamento e à falta de suporte adequado.
Uma nova abordagem promissora
Diante dos desafios enfrentados pelos pacientes com esquizofrenia, os pesquisadores da Universidade Semmelweis buscaram desenvolver uma abordagem terapêutica inovadora que pudesse melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Assim, surgiu a terapia VR-ToMIS (Virtual-Reality based Theory of Mind Intervention in Schizophrenia), uma combinação única de tecnologia de Realidade Virtual com a Teoria da Mente, uma habilidade cognitiva essencial para a compreensão das emoções, pensamentos e intenções dos outros.
O Dr. Lajos Simon, líder do grupo de pesquisa de Realidade e Emoção da universidade, explica ao TNW que sobre a iniciativa aplicada aos pacientes. “A Teoria da Mente é nossa capacidade de interpretar os sentimentos, pensamentos e desejos das outras pessoas. Pacientes com esquizofrenia muitas vezes têm dificuldade em decodificar essas mensagens corretamente, o que pode levar a problemas na interação social e na compreensão de nuances como ironia e metáforas”, explica o pesquisador.
O funcionamento da terapia VR-ToMIS
A terapia VR-ToMIS foi desenvolvida em parceria com a startup britânica vTime e consiste em nove sessões. A abordagem utiliza a tecnologia de Realidade Virtual para criar cenários interativos que simulam situações cotidianas. Os pacientes utilizam óculos de VR e interagem com avatares controlados por terapeutas, enquanto enfrentam desafios que requerem a aplicação da Teoria da Mente.
As sessões têm início com uma introdução à tecnologia e aos conceitos básicos da Teoria da Mente. Posteriormente, os pacientes são imersos em ambientes virtuais que variam desde um passeio na praia até uma entrevista de emprego. Durante essas simulações, os terapeutas empregam diversas ferramentas linguísticas, como metáforas, ironia e humor, para avaliar a capacidade de mentalização dos pacientes.
O papel da tecnologia no tratamento da esquizofrenia
O aspecto inovador da terapia VR-ToMIS está no uso da Realidade Virtual como uma ferramenta terapêutica. A VR permite aos pacientes vivenciar experiências controladas e realistas, o que é essencial para aprimorar suas habilidades sociais e cognitivas. Além disso, o uso da tecnologia de VR é uma maneira envolvente e motivadora de abordar o tratamento, contribuindo para a adesão e o entusiasmo dos pacientes durante o processo terapêutico.
A Dra. Edit Vass, co-desenvolvedora da terapia VR-ToMIS, ressalta que: “a VR pode ter um efeito motivador não específico. Acredito que a combinação da tecnologia empolgante com a abordagem empática do terapeuta é fundamental para o sucesso da terapia.”
Resultados promissores e perspectivas futuras
Após a conclusão da fase de testes da terapia VR-ToMIS em 2022, que envolveu 43 pacientes, os resultados foram promissores. Os pesquisadores observaram melhorias significativas nos sintomas cognitivos e negativos dos participantes. Os pacientes relataram que a terapia foi uma parte importante de sua reabilitação, destacando o impacto positivo nas habilidades de comunicação e na compreensão emocional.
A Universidade Semmelweis obteve o registro da marca comercial da terapia VR-ToMIS na Hungria e planeja expandir sua abrangência internacional nos próximos dois anos. O próximo passo é capacitar profissionais de saúde para aplicar a terapia em outras regiões, com o objetivo de beneficiar mais pacientes em todo o mundo.
