A busca por fontes de energia mais limpas e eficientes tem impulsionado o desenvolvimento de tecnologias inovadoras no setor solar. Um exemplo promissor é a tecnologia de células solares tandem de perovskita, que promete revolucionar a eficiência dos painéis solares tradicionais de silício cristalino. Empresas como a Swift Solar estão no centro dessa corrida tecnológica, buscando trazer ao mercado células solares comercialmente viáveis, capazes de revestir o silício convencional com as tão faladas perovskitas.
A Swift Solar, localizada no Vale do Silício, é uma startup dedicada a explorar as possibilidades das células tandem de perovskita. Em seu laboratório, técnicos como Roger Thompson trabalham incansavelmente para integrar essas células aos painéis solares convencionais. A promessa é clara: maior eficiência e produção de eletricidade, resultando em custos reduzidos e uma contribuição mais significativa para a rede de energia renovável.
Apesar das promessas, a tecnologia de perovskitas enfrenta desafios significativos. Sensíveis à água, calor e luz, esses materiais solares precisam superar obstáculos para garantir sua durabilidade e aceitação comercial. Bin Chen, professor assistente na Northwestern University, alerta que a confiança no mercado pode diminuir se não houver produtos de perovskita nos próximos dois a três anos.
Progressos recentes e investimentos
Entretanto, nos últimos meses, empresas do setor solar e cientistas têm se dedicado a superar esses desafios. A Swift e outras startups receberam investimentos significativos, enquanto grandes empresas solares, como a First Solar e a Hanwha Q Cells, demonstram confiança na tecnologia, investindo em linhas de produção piloto ou adquirindo startups especializadas em perovskitas.
A chave para o sucesso das perovskitas pode residir na integração com tecnologias solares comprovadas, como o silício cristalino. Barry Rand, professor na Universidade de Princeton, destaca que a entrada das perovskitas no mercado pode ocorrer literalmente “por trás do silício“. Mais de 90% dos painéis solares vendidos globalmente são de silício cristalino, o que poderia conferir às perovskitas estabilidade e confiança de mercado.
A Swift Solar na frente da inovação
O desafio técnico central para as perovskitas é aumentar a durabilidade e a produção em massa, mostra o MIT Technology Review. Estratégias como a colocação de camadas de perovskitas em outras células solares, utilizando métodos como evaporação e impressão, estão sendo exploradas. Pesquisadores financiados pelo Departamento de Energia dos EUA buscam testar configurações de perovskita-silício mais duráveis e prontas para comercialização.
Tomas Leijtens, cofundador e diretor de tecnologia da Swift, destaca avanços recentes, como a capacidade de expor as células a temperaturas de até 70°C sem degradação. No entanto, a indústria precisa garantir a durabilidade de cada célula, sujeitando-as a testes rigorosos de temperatura, umidade e granizo antes da comercialização.
Colaborações e investimentos globais
Startups como a Swift e a Oxford PV estão colaborando com as maiores empresas do setor solar para trazer as células tandem de perovskita ao mercado. A Oxford PV planeja iniciar o envio de painéis tandem ainda este ano, enquanto a First Solar e a Hanwha Q Cells investem significativamente em linhas piloto. A colaboração europeia Pepperoni, iniciada em 2022, destaca a importância global desses esforços conjuntos.
Apesar do entusiasmo, há céticos, como Jenny Chase, analista solar da BloombergNEF, que questionam a necessidade das perovskitas diante da eficiência já alcançada pelos painéis de silício. No entanto, defensores argumentam que, dada a urgência das mudanças climáticas, toda eficiência adicional é crucial para impulsionar a transição global para energias mais limpas.