A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou recentemente a concessão de Autorização para o Uso Temporário de Radiofrequências que permitirá a realização de testes inovadores no campo das telecomunicações. O Ato nº 6.359, datado de 01 de maio de 2024, abre caminho para experimentos que envolvem a comunicação direta entre satélites e smartphones operando na faixa de 800 MHz. Essa iniciativa, conhecida como Direct-to-Device (D2D), promete transformar a conectividade móvel e expandir a cobertura dos sistemas de telefonia móvel no Brasil.
Os testes D2D envolvem o uso de satélites de baixa órbita, especialmente projetados para operar nas mesmas faixas de radiofrequência já utilizadas por sistemas de telefonia móvel terrestre. Essa abordagem inovadora visa estabelecer uma comunicação direta entre os satélites e os smartphones dos usuários, eliminando a necessidade de infraestruturas intermediárias, como torres de celular. A capacidade de se comunicar diretamente com satélites oferece vantagens significativas, especialmente em áreas remotas ou com infraestrutura de telecomunicações limitada.
Os experimentos D2D são resultado de uma parceria estratégica entre operadoras de satélite e prestadoras de serviços móveis pessoais. Essas empresas uniram forças para explorar o potencial dessa nova solução de conectividade. A Anatel reconheceu a importância desses testes e concedeu a autorização necessária para que os experimentos possam ser conduzidos.
Local dos primeiros testes: São Luís (MA)
Os primeiros testes práticos serão realizados na cidade de São Luís (MA), entre os meses de maio e junho de 2024. Essa escolha estratégica permitirá avaliar o desempenho da comunicação D2D em um ambiente real. Os pesquisadores e engenheiros envolvidos poderão coletar dados valiosos sobre a qualidade da conexão, a eficiência energética e a confiabilidade do sistema.
Os resultados desses testes têm o potencial de transformar a forma como nos comunicamos. Alguns dos benefícios esperados incluem:
- Ampliação da cobertura: a comunicação direta com satélites pode estender a cobertura de redes móveis para áreas rurais, florestas, regiões montanhosas e outras localidades onde a infraestrutura tradicional é escassa.
- Resiliência: a comunicação via satélite é menos vulnerável a interrupções causadas por desastres naturais, falhas de energia ou problemas técnicos em torres de celular.
- Conectividade global: essa solução pode conectar pessoas em qualquer lugar do país, independentemente da distância geográfica.
As operadoras de satélite envolvidas no projeto de testes Direct-to-Device (D2D) no Brasil são a Lynk e a Claro. Essas empresas estão colaborando para realizar experimentos inovadores que permitirão a comunicação direta entre satélites e aparelhos de celular, sem a necessidade de infraestruturas intermediárias. Vamos conhecer mais detalhes sobre cada uma delas:
Lynk:
- A Lynk é uma operadora de satélites com foco no desenvolvimento de serviços de voz, comunicação de emergência, comunicação em texto e Internet das Coisas (IoT).
- Seu serviço, chamado de Sat2Phone, já havia sido testado em colaboração com a Telefónica Global Solutions (TGS) na região da Patagônia.
- A empresa possui cinco satélites operacionais de baixa órbita (LEO), conhecidos como LynkTower 1, 3, 4, 5 e 6.
- Futuramente, a Lynk planeja expandir seus serviços para incluir dados, incluindo suporte para 5G, o que dependerá da ampliação da quantidade de satélites e acordos com operadoras em terra para o uso das frequências e coordenação contra interferências.
Claro:
- A Claro, operadora brasileira de telecomunicações, está colaborando com a Lynk nos testes D2D.
- Utilizando as frequências na faixa de 800 MHz, padrão em qualquer smartphone, a Claro possibilitará a realização dos testes de comunicação direta entre celulares e o satélite sem a necessidade de adaptação dos equipamentos convencionais.
- Essa parceria visa avaliar a viabilidade técnica e regulatória dessa solução inovadora de conectividade móvel.
Acessibilidade e futuro
Um dos aspectos mais interessantes é que os aparelhos celulares utilizados nos testes não precisam ser alterados. Isso significa que, no futuro, assim que a solução for desenvolvida e implementada em larga escala, os usuários poderão utilizar seus equipamentos comuns para se comunicar diretamente com satélites. Essa acessibilidade é fundamental para democratizar o acesso à conectividade.
É importante ressaltar que, por enquanto, essa solução ainda não está disponível comercialmente. Os testes são essenciais para avaliar os aspectos técnicos e regulatórios relacionados ao uso em larga escala.