Um novo vírus bancário está causando grande preocupação entre os usuários de smartphones no Brasil. Disfarçado de aplicativos aparentemente inofensivos e populares, como WhatsApp, Spotify e Minecraft, o vírus Necro tem como objetivo principal roubar dados financeiros e bancários de suas vítimas. Pesquisadores de segurança cibernética identificaram uma nova versão deste perigoso vírus que, nos últimos meses, infectou milhões de dispositivos Android, incluindo muitos no Brasil.
Entre os dias 26 de agosto e 15 de setembro deste ano, mais de 11 milhões de downloads de aplicativos infectados foram registrados em pelo menos 124 países, de acordo com um relatório divulgado nessa terça-feira (1º). O Brasil aparece em destaque entre os alvos mais frequentes do Necro, ficando em segundo lugar entre os países mais afetados. O vírus tem conseguido contornar a segurança de grandes plataformas, como a Google Play Store, o que acendeu um alerta entre os especialistas.
O Necro não é uma novidade no mundo da cibersegurança. Ele foi detectado em diversas campanhas maliciosas nos últimos anos, sempre com foco em coletar dados financeiros, como senhas de bancos, números de cartão de crédito e outras informações sensíveis. Seu funcionamento envolve técnicas avançadas de disfarce e evasão, o que torna difícil a detecção e remoção desse vírus pelos sistemas de segurança.
Segundo Fabio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky para a América Latina, o vírus tem se mostrado especialmente perigoso para os brasileiros. Ele alerta: “Os usuários brasileiros devem redobrar a atenção ao baixar aplicativos, mesmo aqueles disponíveis na Google Play Store, que costumam ser considerados mais seguros. Verifiquem sempre as permissões solicitadas pelos apps antes de instalá-los e adotem soluções de segurança robustas em seus dispositivos”.
Como o vírus se espalha
O Necro conseguiu se infiltrar na Google Play Store e em lojas de aplicativos não oficiais, disfarçando-se como versões falsificadas de aplicativos populares. Um dos primeiros casos identificados foi em uma versão modificada do Spotify, chamada “Spotify Plus”. Logo depois, foram encontradas versões infectadas do WhatsApp e de jogos bastante populares, como Minecraft e Stumble Guys. Ao baixar esses aplicativos, o vírus era instalado nos dispositivos e começava a operar sem que o usuário percebesse.
Apesar de a Google ter removido os aplicativos infectados de sua loja oficial, muitos usuários já haviam sido prejudicados. Além disso, a presença desses aplicativos em lojas não oficiais continua sendo uma grande ameaça, já que essas plataformas muitas vezes não têm os mesmos mecanismos de segurança da Google Play Store.
O vírus Necro se aproveita da popularidade dos aplicativos falsos e, após ser instalado no dispositivo, coleta dados financeiros do usuário. Esse tipo de vírus é especialmente preocupante porque, além de roubar informações bancárias, pode controlar funções do celular, como interceptar mensagens SMS e capturar senhas sem que a vítima perceba.
Dicas para proteção
Com o aumento dos ataques cibernéticos, especialmente no Brasil, os especialistas em segurança digital recomendam algumas práticas essenciais para evitar que os usuários sejam infectados por vírus como o Necro. Uma das principais dicas é baixar aplicativos apenas de fontes confiáveis, como a Google Play Store ou a Apple Store. Mesmo assim, Assolini alerta que “nenhuma plataforma é 100% imune“, e por isso os usuários precisam estar atentos a comportamentos suspeitos dos aplicativos.
Além disso, é fundamental realizar atualizações constantes no sistema operacional e nas aplicações instaladas. Essas atualizações geralmente incluem correções de segurança que ajudam a evitar ataques cibernéticos.
Os usuários também devem prestar atenção às permissões que os aplicativos solicitam durante a instalação. Por exemplo, se um jogo solicita acesso a suas mensagens ou contatos, isso pode ser um sinal de que algo não está certo. Desconfie sempre que um aplicativo exigir mais permissões do que o necessário para o seu funcionamento.
Outra recomendação importante é o uso de softwares de segurança confiáveis, como antivírus, em dispositivos móveis. Embora muitas pessoas ainda acreditem que apenas computadores precisam de proteção, os smartphones também estão sob constante ameaça, principalmente porque armazenam dados pessoais e financeiros dos usuários.
Prevenção é o melhor caminho
No mundo digital, a prevenção é a melhor forma de proteção. Os especialistas aconselham que os usuários tomem medidas proativas para se protegerem de vírus como o Necro. Isso inclui não apenas ter um antivírus instalado no celular, mas também ter cuidado com as escolhas feitas ao navegar na internet e ao baixar novos aplicativos.
Fabio Assolini reforça que o Brasil continua sendo um dos principais alvos de ataques cibernéticos, e isso se deve, em parte, ao grande número de usuários de smartphones no país. “Com a popularização dos serviços financeiros via aplicativos, os cibercriminosos estão cada vez mais focados em atacar dispositivos móveis. Por isso, é essencial que os brasileiros adotem práticas de segurança e fiquem atentos a qualquer sinal de que algo está errado em seus celulares“.